sexta-feira, 22 de setembro de 2017

E Mais um Fim do Mundo na Agenda

O primeiro anúncio do fim do mundo, desde que se tem notícia, ocorreu no ano de 992 e aterrorizou toda a Europa sob o pretexto de que neste ano, o dia da concepção de Jesus (25 de março) coincidiu com o aniversário da sua morte (Sexta-feira Santa), data que foi também reforçada por um eclipse solar. Muitos acreditaram  nessa profecia ao ponto de fugirem para as montanhas.

Sempre foram muitas as profecias, os cálculos e interpretações do texto bíblico do Apocalipse e desde então os boatos do fim, não importando o avanço da tecnologia, acontecem paulatinamente pontuando nosso calendário até aqui. E essa, seria precisamente nossa "Última Noite"!  _Boa noite, Cinderela,   pois amanhã "Bum!"... it's the end.

É como se os humanos, não aguentando mais a pressão na panela, precisassem acreditar numa explosão, um fim, para no dia seguinte começar tudo de novo passando a vida a limpo, com novas promessas. Ilusão na medida para quem prefere acreditar em super herói.

Realmente a pressão na panela anda forte demais, conflitos, violência desmedida aqui e acolá, países se ameaçando mutuamente, preconceito grosseiro e separatividade. Mas enfim, nada disso é novo sob o sol, cá nessa dimensão onde tudo apenas se transforma, tudo é cíclico.

Acredito sim numa força maior que mantém uma certa ordem, embora incompreensível, sobre todo o caos. Acredito que a força invencível da Mãe Natureza cria recursos para suportar tanto com tanta paciência, e que muitas vezes não tem outra alternativa a não ser reagir com violência. E que há seres que compartilham conosco essa saga da evolução sobre a Terra e nos auxiliam com sua luz e sua energia de cura e harmonia.

Diz-se que nestas datas especiais muita luz é jorrada para auxiliar no processo, dar uma alavancada no trabalho que é tão lento e estanca mais do que anda. Faz sentido, mas creio que a responsabilidade de cada um, aquilo que alguns chamam de livre-arbítreo, é tudo que se tem.

Toda ajuda e toda luz são muito bem vindas, mas se não estivermos alinhados com aquilo que vai em nossos corações, com o que de mais luminoso e puro trazemos na essência, com o nosso próprio desejo de iluminarmos o que está na sombra e de vermos toda a nossa comunidade humana compartilhando felicidade, se não for assim nada acontecerá. Se não for assim não avançamos um passo, não sei se o mundo acaba, creio que não...  Mas o homem acaba consigo próprio, com suas chances, transformando a natureza da pior maneira possível.

               
                   
Encerro aqui desejando uma ótima noite de sono e repouso a todos e certa de que amanhã o meu texto ainda poderá ser lido. Que no primeiro dia de mais uma Primavera novinha em folha, poderemos recomeçar tudo, de uma outra maneira, lembrando que somos Um e que o nosso trabalho pela paz começa em nós, e que isso é só o começo para que todos os seres sejam felizes. Pois mais do que em finais, felizes ou não, é preciso acreditar em recomeços.

domingo, 17 de setembro de 2017

À sombra da Casuarina


Na caminhada de hoje cedo, antes que a primavera virasse verão mesmo antes de sua chegada, cumprimentei uma velha amiga como sempre faço, uma árvore casuarina, que faz parte do meu cenário há pelo menos uns trinta anos. Hoje senti-me convidada pela sua sombra. Encostada ao seu tronco rugoso, olhei o céu completamente azul através dos galhos e o céu terminava logo ali ao fundo da baía, no recorte das serras do norte do Rio.

Através dos galhos no espaço azul, veio-me uma lembrança de longe, quando numa tarde da infância eu brincava com outras crianças sob galhos ao vento de outras casuarinas, que naquele momento me pareciam árvores gigantes.  Senti tão plenamente aquela criança que brincava feliz e inocente de tudo que o mundo ainda lhe traria, ignorante de todas as histórias e experiências que a vida lhe apresentaria e das escolhas que teria que fazer.

Memórias distantes mas tão vívidas... que me fizeram pensar: _ puxa, mas a Lua nem está mais em Câncer... Sim, a Lua (memória) está em Leão (poder) e Vênus (tesouros, beleza) também. Senti nesse belo reencontro como amo essa criança e como ela me é preciosa... como ela estará sempre lá assim feliz e inocente, vivendo sempre no presente.

Agradeci à vida por tanto e por tudo, pelas casuarinas que sempre estiveram presentes nos meus caminhos, nas minhas paisagens vida afora. À criança, que sempre esteve comigo até aqui dando-me a mão e coragem.
                       

Gosto demais das casuarinas!  São árvores que estão espalhadas por quase todo o mundo, onde há clima temperado, tropical e subtropical, suas raízes são muito profundas (iron roots) e por isso elas resistem muito aos ventos. Casuarina equisetifolia, conhecida pelos nomes de Casuarina e Pinheiro Casuarina (Australia Pinus) é provavelmente nativa de Madagáscar.

E hoje esta linda senhora me proporcionou um mágico encontro com a criança viva dentro de mim que continua a correr e brincar.

             "Apenas a matéria vida era tão fina
                Existirmos: a que será que se destina"
                ...
            


quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Por um Sentido mais Verdadeiro

Sem querer me ater às questões comemorativas e ao quê se comemora, mas refletindo no sentido genuíno da palavra independência, palavra bela que é a negação de uma outra da qual se deriva - dependência - que é estar preso, subjugado, "ao pé" de alguém ou algo. Independência tem a ver com autonomia que requer um longo caminho para seu desenvolvimento. Quando enfim conseguimos nos dar alguma autonomia dentro da realidade/prisão em que nos encontramos, irradiamos à nossa volta, num grande raio, a energia da coragem e da liberdade que se expandem a muitos outros.
Pensemos, então, nesse verdadeiro sentido.
E ontem, na madrugada, a Lua ficou cheia em Peixes e a lunação ocorreu numa conjunção a Netuno... é muita água, literal e simbólica (emoções) dentro da gente e pelo mundo afora. 
No Brasil, digamos que trata-se muito mais de lama do que água propriamente. Difíceis os dois últimos dias, as notícias desanimam, apavoram, causam náuseas, chegam a baixar a energia, às vésperas da comemoração do nascimento do Brasil... independente?
Mas com a transcendente fé pisciana, quero acreditar que não se trata de afundar, afogar nas águas e na lama, e sim de uma limpeza dolorosa e profunda que está trazendo luz para tanta sombra, nossa e de uma comunidade humana inteira. 

A autonomia pessoal forjada na responsabilidade por si mesmo é o caminho. Caminho de uma vida inteira!
Sigamos no trabalho, na fé, no amor que traz coragem.

Shanti, shanti, shanti!

 
            

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Tornar-se Pai



Não é um teste de DNA, uma certidão de cartório, muito menos um domingo de agosto que faz de um homem um Pai, assim mesmo, com maiúscula.  Tornar-se um Pai é uma experiência humana maravilhosa e parabenizo todos aqueles que aceitaram o desafio, até porque através dos séculos, sempre lhes foi tarefa opcional, o que jamais aconteceu às mulheres -- o filho é da mãe – diz a voz do povo e até mesmo a voz da lei.  E ai daquela...

Felizmente os tempos mudaram, as sociedades mudaram e tenho visto à minha volta homens encantados com o que essa experiência trouxe para suas vidas. Até porque, de certa forma, eles também se tornaram vítimas, através de tantos séculos, de uma crença cruel e castradora que não lhes permitia sentir ou chorar. Filhos nos ensinam a descobrir os avessos, nossa própria força adormecida, nos ajudam a viver mais profundamente nossa própria humanidade.


E esse tornar-se é feito de dias após dias, noites também algumas em claro, anos após anos, enfim uma vida inteira de lágrimas e muitos sorrisos. E não seria um domingo para trocas de presentes que daria conta de tamanha dimensão. Agradeço e celebro todos os dias em meu altar interno o pai doce e amoroso que tive, e por ter gerado um filho que aceitou de bom grado a experiência de torna-se um pai de verdade a cada dia. Parabéns, filho! Parabéns a todos os pais de verdade da nova era!

                                   

                                  






 

domingo, 21 de maio de 2017

Gratidão Eterna às Letras

Dia do Profissional de Letras

Escolho esse texto da Lygia Bojunga que sempre me emocionou, porque sempre me reconheci nele. 

"Pra mim, livro é vida; desde que eu era muito pequena os livros me deram casa e comida.

Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé, fazia parede, deitado, fazia degrau de escada; inclinado, encostava num outro e fazia telhado.

E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro pra brincar de morar em livro.

De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto olhar pras paredes). Primeiro, olhando desenhos; depois, decifrando palavras.

Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça.

Mas fui pegando intimidade com as palavras. E quanto mais íntimas a gente ficava, menos eu ia me lembrando de consertar o telhado ou de construir novas casas. Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava a minha imaginação.

Todo dia a minha imaginação comia, comia e comia; e de barriga assim toda cheia, me levava pra morar no mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu, era só escolher e pronto, o livro me dava.

Foi assim que, devagarinho, me habituei com essa troca tão gostosa que – no meu jeito de ver as coisas – é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no livro, mais ele me dava.

Mas, como a gente tem mania de sempre querer mais, eu cismei um dia de alargar a troca: comecei a fabricar tijolo pra – em algum lugar – uma criança juntar com outros, e levantar a casa onde ela vai morar."

(Mensagem de Lygia Bojunga para o Dia Internacional do Livro Infantil e Juvenil, traduzida e divulgada nos 64 países membros do IBBY).

                       






Sempre fui grata às letras que me deram, até hoje, casa e comida, me ajudam a escalar os degraus de muitos conhecimentos, a ler o mundo e avida, principalmente nas entrelinhas, na tentativa de buscar saídas e equilíbrio.
Meu mundo sempre foi feito de letras. Amém!


quinta-feira, 6 de abril de 2017

Como Consigo me Boicotar tão Bem!

Você sabe o que é Síndrome do Impostor?

É um fenômeno também chamado de Síndrome da Fraude,  que vem sendo estudado pelas ciências da psicologia e da educação. Segundo estudo da Universidade Dominicana da Califórnia, atinge em menor ou maior grau 70% dos profissionais bem sucedidos, principalmente mulheres. É um resultado assustador!
Na verdade, pode atingir pessoas comuns que ainda estão investindo em suas carreiras e projetos de vida à medida que avançam pelo caminho.  Como vítima a pessoa jamais credita seu sucesso à inteligência, competência ou habilidade pessoal.  “Elas se convencem de que os elogios e reconhecimento de outros em relação à sua conquista não são merecidos, atribuindo suas realizações à sorte, a algum encanto repentino, contatos ou outros fatores externos”, explica a psicóloga americana Valerie Young, autora do livro “Os Pensamentos Secretos das Mulheres de Sucesso”.
A sensação que se segue é de que a qualquer momento sua fraude será descoberta.
Fica então configurado um caso clássico de baixa auto estima e os estados de ansiedade e insegurança podem chegar a extremos.
A partir daí, são criadas alterações na rotina, no comportamento e até mesmo técnicas para auto defesa, autênticas estratégias de auto sabotagem que, claro, de maneira inconsciente vão determinado a sequência dos fatos. E nisso o cérebro pode ser craque e rápido!

                                                     



Pode parecer coisa simples, mais uma manifestação do estresse pós moderno neste mundo caótico em que vivemos, onde a alta performance é a primeira e principal demanda. Mas não é!
Então pausa, uma auto análise honesta e corajosa deve ser feita e uma vez identificados os principais pontos é adotar novos comportamentos, buscar ajuda de terapias psicológicas e/ou holísticas que possam servir de suporte. A Terapia Floral tem um número quase infinito de essências para tratar a baixa auto estima. E só para começo de conversa, mudar a ótica sobre os conceitos de "erro" e "fracasso" já vai fazer uma diferença bastante significativa.
Sugiro a leitura da matéria abaixo, bastante interessante:

http://www.huffpostbrasil.com/2014/04/07/7-sinais-de-que-voce-e-uma-das-vitimas-da-sindrome-do-impostor_a_21667908/

Então boa leitura, boa pesquisa e bom sucesso a todas!



terça-feira, 7 de março de 2017

O Dia 8 de Março e a Luta de Todos os dias

Nessa véspera do Dia Internacional da Mulher, pergunto-me mais uma vez o que há a celebrar, com uma boa vontade enorme de listar alguns itens. Certamente há algumas coisas. Pequenos, e alguns até, importantes avanços.
Somos a maioria em número, mas estes mesmos números jogam contra nós ao apresentarem estatísticas revoltantes e assustadoras. Há, por exemplo, que se celebrar a Lei Maria da Penha - Lei 11.340/2006. Mas apesar dela, se compararmos ano a ano, a coisa não muda muito de aspectos.
Em pesquisa recente, metade dos entrevistados avalia que as mulheres se sentem de fato mais inseguras dentro da própria casa. "Os dados revelam que o problema está presente no cotidiano da maior parte dos brasileiros: entre os entrevistados, de ambos os sexos e todas as classes sociais, 54% conhecem uma mulher que já foi agredida por um parceiro e 56% conhecem um homem que já agrediu uma parceira."
A receita para mudar, todos já sabem na ponta da língua - Educação. Mas precisaria começar hoje e com toda seriedade. Ainda assim, notáveis resultados somente em algumas décadas. Enfim, desanimar jamais, cabe a cada uma de nós a consciência, a luta no dia a dia.
E por falar me vem à memória um filme que só recentemente assisti, As Sufragistas, 2015. E me emocionei profundamente.

                                             


O roteiro acompanha o despertar político de Maud, mulher comum operária sem nenhuma formação política, rumo à libertação das regras sociais do início do século XX. Fala da longa e violenta luta pelo voto feminino. Apesar de ser um filme de época, As Sufragistas torna-se relevante por sua triste atualidade.
Independente do que tenham dito as críticas, o filme emocionou-me profundamente porque a cada cena e drama passados na fábrica, ia lembrando-me de minha mãe.  Embora nascida décadas depois da época do filme, ela, aos 16 anos logo após a morte do pai, ingressou numa fábrica de tecelagem onde trabalhou por anos. Trago comigo todas as histórias que ela contava com emoção, dos anos da sua juventude nesta fábrica, histórias dela e de moças como ela, na mesma idade, na mesma condição social. E ela era sem dúvida uma ótima contadora de histórias.
Ao final do filme, senti que sou filha não só da minha mãe. Pois vivem em mim todas essas mulheres, antes de mim e antes dela, que sofreram as dores que nos foram reservadas por um mundo de machos brancos, patriarcal falocrata.
Lutemos então a luta diária de sermos geradoras de vida, com a força que só os sobreviventes conhecem. Mas com o dom da graça e da ternura, que em nós transborda e sustenta.