terça-feira, 7 de março de 2017

O Dia 8 de Março e a Luta de Todos os dias

Nessa véspera do Dia Internacional da Mulher, pergunto-me mais uma vez o que há a celebrar, com uma boa vontade enorme de listar alguns itens. Certamente há algumas coisas. Pequenos, e alguns até, importantes avanços.
Somos a maioria em número, mas estes mesmos números jogam contra nós ao apresentarem estatísticas revoltantes e assustadoras. Há, por exemplo, que se celebrar a Lei Maria da Penha - Lei 11.340/2006. Mas apesar dela, se compararmos ano a ano, a coisa não muda muito de aspectos.
Em pesquisa recente, metade dos entrevistados avalia que as mulheres se sentem de fato mais inseguras dentro da própria casa. "Os dados revelam que o problema está presente no cotidiano da maior parte dos brasileiros: entre os entrevistados, de ambos os sexos e todas as classes sociais, 54% conhecem uma mulher que já foi agredida por um parceiro e 56% conhecem um homem que já agrediu uma parceira."
A receita para mudar, todos já sabem na ponta da língua - Educação. Mas precisaria começar hoje e com toda seriedade. Ainda assim, notáveis resultados somente em algumas décadas. Enfim, desanimar jamais, cabe a cada uma de nós a consciência, a luta no dia a dia.
E por falar me vem à memória um filme que só recentemente assisti, As Sufragistas, 2015. E me emocionei profundamente.

                                             


O roteiro acompanha o despertar político de Maud, mulher comum operária sem nenhuma formação política, rumo à libertação das regras sociais do início do século XX. Fala da longa e violenta luta pelo voto feminino. Apesar de ser um filme de época, As Sufragistas torna-se relevante por sua triste atualidade.
Independente do que tenham dito as críticas, o filme emocionou-me profundamente porque a cada cena e drama passados na fábrica, ia lembrando-me de minha mãe.  Embora nascida décadas depois da época do filme, ela, aos 16 anos logo após a morte do pai, ingressou numa fábrica de tecelagem onde trabalhou por anos. Trago comigo todas as histórias que ela contava com emoção, dos anos da sua juventude nesta fábrica, histórias dela e de moças como ela, na mesma idade, na mesma condição social. E ela era sem dúvida uma ótima contadora de histórias.
Ao final do filme, senti que sou filha não só da minha mãe. Pois vivem em mim todas essas mulheres, antes de mim e antes dela, que sofreram as dores que nos foram reservadas por um mundo de machos brancos, patriarcal falocrata.
Lutemos então a luta diária de sermos geradoras de vida, com a força que só os sobreviventes conhecem. Mas com o dom da graça e da ternura, que em nós transborda e sustenta.