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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Caminho da Beleza

 (Ou o Caminho da Transformação)
Assisti ao filme em cartaz Livre (Wild, no original) que me trouxe uma surpreendente coleção de metáforas com tudo que tenho aprendido pelo meu caminho.
A narrativa é baseada em personagem e fatos reais e conta a trajetória de uma jovem mulher que depois de acumular muitas experiências e traumas dolorosos, e chegar ao fundo do poço, decide  mudar sua vida radicalmente. Para isso, inicia, solitária e sem nenhum treino  ou preparo, o percurso da Pacific Crest Trail, uma trilha de 1100 milhas( 4200 km)  que percorre a costa oeste dos Estados Unidos, indo da fronteira com o México até o Canadá. Uma trilha considerada dificílima, onde raramente se encontraria uma mulher. 
Inserida na cenografia lindíssima e exuberante o conteúdo sensível e dramático trata de como lidar com a dor e resgatar a própria dignidade.
Assim como na vida é preciso escolher um caminho que seja seu, isto é, que venha de dentro, não importando o que os outros pensem ou digam. Se não for assim a cura não acontece. E uma vez lá, será necessário a todo momento certificar-se do impulso de continuar, ou não. Na trilha, a personagem se questiona a cada dois segundos sobre desistir, mas resolve sempre ir em frente.  E assim à medida que ela avança e encara seus medos vai nos surgindo a velha premissa de que é preciso se perder para se encontrar.
Durante todo percurso ela revive e remexe suas memórias de dor, todas as dores, principalmente a perda precoce e recente da mãe. Essa mãe leve, alegre e amorosa é o contraponto à personagem que busca desesperadamente uma maneira de lidar com a própria dor.
Ao escolher a trilha ela recorda uma frase de sua mãe que dizia "é preciso escolher o caminho da beleza".  E na verdade é isso, todos buscamos o caminho da Beleza, uma beleza com B maiúsculo, porque é a própria e de mais ninguém, uma beleza que é a liberdade, como sugere a tradução em português, uma beleza que é sim selvagem, como sugere o título no original.
Alguns sentem a necessidade de escolher o caminho mais difícil, talvez proporcional ao tamanho da própria dor, onde deva sangrar os pés e o corpo para aliviar a alma e resgatar a pureza do coração.
Somos todos aprisionados por nossas memórias dolorosas e cicatrizes, mas somos todos livres para escolhermos o Caminho da Beleza, que sai do próprio coração, atravessa desertos, rios e vales nevados, até nos levar a paz que, enfim, reside neste mesmo coração.