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domingo, 4 de fevereiro de 2018

Aceitar para Transformar

Os Processos de Transformação

Hoje me propus a escrever sobre os processos de transformação, mas logo de início dei-me conta que deveria passar pela aceitação primeiro. Ela é portal, sem aceitação não tem transformação, e haja aceitação!
"Aceite, só então aja.
Seja o que for que o momento presente contenha, aceite isso como se você tivesse escolhido. Trabalhe sempre com isso e não contra. Isso irá transformar toda sua vida miraculosamente."
Eckhart Tolle

Talvez esse seja o momento mais difícil da transformação, dar-se conta de que algo está para acontecer, que tudo parece fora do lugar, sem sentido e meio caótico. O processo de transformação não costuma enviar um aviso prévio, antes de se estabelecer e folgadamente ir buscando espaços. Primeiro um estranhamento, logo em seguida um desconforto, uma certa inadequação (e não necessariamente nesta mesma ordem). Ao redor tudo parece fora de ritmo e ligeiramente fora do agrado, as pessoas então... Mas não são as coisas, nem as pessoas, não é fora... é dentro.
Os franceses têm uma expressão para descrever o bem estar e a harmonia, o conforto de caber em si próprio "être bien dans sa peau" - sentir-se bem na própria pele. A pele, o maior órgão do corpo humano, nossa fronteira com o estrangeiro lado de fora, os limites do corpo, nossa casa. Surge então a expressão popular de nosso tempo, de exato sentido contrário, "fora da casinha", fora de si, enfim desabrigado, exposto ao sol e à chuva, à todas as intempéries, a todos os perigos do outside. Estes processos vêm algumas vezes na vida, numa mesma vida, são parte dela. A puberdade costuma ser o marcante começo e depois disso essas visitas, sempre inesperadas, marcarão muitos momentos, tanto quanto vá se alongando o caminho. Na maioria das vezes, eles serão penosos e solitários, e o autoconhecimento será importantíssimo para a identificação de mais um processo chegando. Ninguém está dizendo que torna-se fácil, ou rápido. Mas uma vez identificado o estado, é abrir a porta, dar as boas vindas e até convidar para sentar. E aqui, mais uma expressão tão popular de nosso tempo, o "aceita que dói menos", pode ser aplicada ipsis litteris.
Aceita, trabalha, paciência que vem borboleta nova por aí!

domingo, 9 de outubro de 2016

Santo Domingo



Quando a casa é um lar, nosso lugar no mundo, lugar onde repousamos, refletimos e nos revigoramos. Lugar onde se guarda as coisas valiosas, os livros e fotografias, onde nos cercamos de pequenas lembranças, onde cultivamos as flores.  Esse é o lugar para se estar em paz qualquer dia, inclusive nos finais de semana, por que não?
Há uma fase da vida em que a ânsia de viver nos empurra para fora, para os outros, para uma intensidade que tem significado de alegria. E aqueles que perseguem tenazmente a alegria, esticam essa fase ao longo de toda a vida. Há a fase em que nos sentimos bem recolhidos, nos resguardando do que nos esgota, nos protegendo um pouco da loucura, a alheia.
Sim, porque a nossa própria, essa há de conviver muito bem e intimamente conosco, há de se mirá-la no espelho com coragem e aceitação, com cumplicidade, ela fala da nossa essência melhor que qualquer outra coisa. E então vamos resignificando a alegria, descobrindo afinal que ela tem um íntimo parentesco com a paz, nos livrando de conceitos, impostos, emprestados, generosamente ofertados, mas que nunca nos pertenceram. Inclusive de que é preciso viver intensamente os finais de semana, em efusiva vibração, uma maneira de revanche contra tudo que nos é roubado na eterna exploração dos dias, chamados "úteis"... para quem? (é sempre bom que se pergunte).
Mas penso que é mesmo preciso viver intensamente, cada minuto, ora para fora, ora para dentro; já que é tudo uma questão de tempo, uma questão de vida.  E o santo domingo há de ser um dia de puro prazer, de aconchego, de lembranças da infância. Seja com família, com amigos, ou consigo mesmo. Seja cultivando as flores e o jardim, experimentando uma receita nova e fácil, ou enchendo a casa com o aroma de bolo saindo do forno. Seja ainda lendo um bom livro, sem mais nada além do dolce far niente.
Afinal trata-se da própria vida, e independente do domingo ser ou não santo, verdade é que todos os dias são sagrados.